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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Olha ele!

Quem nunca imitou as marcantes frases dos personagens do seriado Chaves? Todos nós!
Eu estudei em diferentes escolas ao longo de minha formação acadêmica. O Olindo Flores foi uma delas.
Não me recordo bem o ano, mas lembro muito bem da turma, e provavelmente todos professores e funcionários daquela escola também lembram da turma 120.
Em toda turma, existem alunos dos seguintes perfis: Nerds, descolados, rebeldes, rejeitados, palhaços, e os que estão lá só para servir de piada pronta.
Essa turma era diferente, não havia nenhum nerd. Parecia que a diretoria da escola, visando filtrar os grupos de estudantes escolhidos para formar turmas, colocou todos alunos não-bem-quistos pelos professores em uma única turma. Manobra que renderia a eles no ano seguinte, ter que voltar ao padrão normal de selecionar aprendizes, pois dentre 40 alunos, apenas 2 foram aprovados para passarem a graduação posterior.
Era complicado, pois do início ao fim da aula, que normalmente era no horário do intervalo, éramos submetidos a desafios de inteligência. Não por parte dos educadores, e sim por nós mesmos.
Aconteciam coisas que nunca, nunca mesmo, haviam sido sequer imaginadas por alguém que gozava da mínima inteligêcia.
Guerras de bola de papel são para amadores, nosso negócio era guerra de papel molhado com recheio mineral, e esse poderia ser qualquer tipo de pedra encontrado no caminho de casa para escola. Claro que acidentes aconteceram, mas esse não é o foco.
Tinha gente que pegava mamão verde no pátio ao lado da escola, para ter armas mais potentes. É como se em uma guerra de espingarda de pressão alguém chegasse com fuzil.
Bombas relógio de mentira implantadas no banheiro, para mobilizarmos todos e podermos sair mais cedo, ou mini bombas relógio de verdade (a velha história do rojão com cigarro no pavil) implantadas no vaso sanitário, para criarmos um dilúvio e também podermos sair mais cedo. Artifícios mais eficazes do que uma dor de barriga, eram diariamente matutados para podermos sair mais cedo.
Quando notamos que a cada evento terrorista que acontecia no colégio, a diretoria ia direto a nossa sala perguntar quem foi, é que vimos o grau de importância negativa que nossa turma estava adquirindo.
Teve momentos que os professores davam a prova e saiam da sala, para fazer com que nos sentíssemos mais confortáveis para consultar o caderno. Teria sido de grande ajuda se algum de nós tivéssemos alguma matéria registrada nele.
Mas não foi só de atitudes negativas que foi escrita a história da turma 120. Teve um dia em que um grupo de "arruaceiros" invadiu as dependêcias escolares pelo muro lateral, e toda nossa turma foi pra rua para defender a escola. Seria um ato inconsequente, porém nobre, se não fosse uma invasão inventada por nós para assim podermos nos mobilizar e... sair mais cedo.
Para ajudar tínhamos um professor um tanto quanto afeminado, não que fôssemos preconceituosos, mas como estavam acabando o estoque de idéias inovadoras, tínhamos que nos contentar com as tradicionais. E em um passeio escolar cultural, voltávamos todos com o nível alcoólico alterado devido as garrafas de destilados escondidas em compartimentos secretos do ônibus previamente providenciados, começamos a evocar cânticos hostis em relação a esse professor. Fato que rendeu a escola inteira o cancelamento do mesmo passeio no ano seguinte.
Como em nossa turma não havia um aluno sequer incapaz de atos que fugissem as regras, os professores começaram a se confundir. E com isso chego ao fato que dá nome ao post.
Numa noite tranquila de aula, em que o estimado professor de português escrevia a matéria no quadro negro, o meu querido amigo Lula estava chato, mas chato mesmo, pentelhando geral. Não calava a boca em nenhum momento. Foi quando o professor se vira impaciente pronto para punir o indivíduo que perturba sua aula. Eu, em um ato inocente, de bom samaritano, aponto meu dedo indicador em direção ao Lula e reproduzo verbalmente o célebre bordão que marcou o personagem Nhonho do seriado Chaves: "-Olha ele, olha ele!"
Bom, isso salvou o Lula de punição, pois naquela altura do ano ele já temia por suspensão. Pena que eu não tive a mesma sorte. Fui enviado a secretaria para medidas administrativas cabíveis. O professor sem coração, não me deu oportunidade de argumentar.
E Lula, como o grande amigo que sempre foi, ficou agradecido por eu ter intervido na hora certa. E nada mais.



Relembrado por: Maicon Wallauer

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