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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Missões de reconhecimento

Ninguém sabe ao certo por que que gostávamos tanto de invadir prédios em construção, mas fazíamos isso o tempo todo.
Não existia um objetivo traçado, mas era bacana o fato de conhecer eles por dentro, entrar na casinha dos pedreiros, mexer nas ferramentas, roubar as revistas pornográficas, essas coisas.
Em uma dessas vezes, por brincadeira empurrei uma parede recém construída que veio a cair por inteiro, mas foi sem querer.
Em outra chance, entramos nessa mesma construção no horário do meio-dia, todos estavam trabalhando e não notaram nossa presença. Chegamos até a cozinha dos construtores e verificamos que eles estavam fazendo almoço, pois haviam deixado uma penela de arroz carreteiro cozinhando. Resolvemos então ajudar no tempero, despejando 1Kg de sal dentro da panela. Não esperamos para ver o resultado.
Dessa mesma construção fugimos algumas vezes, pois os donos do prédio sempre vinham no fim de semana visitar a obra, justamente nos horários que nós resolvíamos visitar ela também. Vale lembrar que uma vez Ronaldo e eu fugimos e deixamos meu primo se explicando para o proprietário.
Nosso bairro também era conhecido pelas gincanas que a sociedade União promovia anualmente. Pessoas de várias cidades normalmente vinham participar ou apenas prestigiar.
Mas o assunto aqui são nossas expedições, outra hora falaremos mais sobre as gincanas.
Acontece que nós estávamos precisando de cordas para nosso acampamento na gincana do União, e a grana já estava bem curta. A solução era uma só.
Em uma tarde de quinta-feira, Vinícius, Bimbo e eu, encontramos uma obra nova, perto da escola Sagrado Coração de Jesus. Entramos, caminhamos bastante lá por dentro e fomos embora.
Chegando em casa notamos que poderíamos conseguir as cordas que nos faltavam voltando aquela mesma obra que visitamos no início da tarde.
A obra tinha 2 andares, e um telhado bem alto.
Estávamos nós recolhendo as cordas que os pedreiros usavam para puxar baldes de concreto para o pavimento superior, quando ouvimos uns barulhos estranhos vindo do portão de entrada. O dono chegou. Não veio sozinho.
Algum filho da mãe tinha avisado o dono da obra que alguém tinha entrado lá, ele convocou um amigo, pegou seu revólver 38 cano longo, seu cachorro Rotweiller e fo até a obra.
Avistei do segundo andar os 2 homens entrando pelo portão da frente.
A casa tinha 2 entradas, uma ao lado da outra, separadas apenas por uma parede entre elas. Eles entraram por uma, eu saí pela outra.
O Bimbo pulou do segundo andar, enquanto o Vinícius estava preso em cima do telhado. E foi pego.
Tivemos todos que nos entregar, éramos amigos, amigos não deixam amigos na mão.
Os homens nos ameaçavam enquanto dizíamos que estávamos apenas conhecendo a obra inocentemente. Atiçavam o cachorro fazendo com que ele encenasse os movimentos de ataque. Eles focaram o Vinícius, que era o mais assustado, mas mal sabiam eles que o cachorro teria medo mais do Vinícius do que o contrário, já que a expressão no rosto dele era tão feia que cachorro nenhum teria coragem de encarar. Simplificando, o Vinícius estava tão desesperado que chegou a assustar até o pobre animal.
Depois de muitas explicações, conseguimos convencer os homens a nos deixar ir embora, sem as cordas.
E a gincana começou no dia seguinte.


Memória refrescada por: Marcos Vinícius Pohlmann
Psicografado por: Maicon Wallauer

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