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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Perdidos na Selva!

 Essa história foi épica, quase trágica, mas épica.
 Domingo de outono, acredito que tenha sido em 2003, eu, Dudu, Tucano, Alan, Marcos e sua namorada que não lembro o nome, Davi e sua namorada Lili, Alemão, Luis, Angelise, Dogão e Rômulo, fomos passar o dia no sitio dos pais do Rômulo.
 O programa era pra ter sido clássico. Churrasquinho, conversa, cerveja, risadas. Tudo no padrão.
 Tinha um riacho bem pequeno que passava bem ao lado da casa, e o Dudu me avisou pra tomar cuidado. Eu, no auge de minha segurança malabarística, me pendurei em um galho sobre a água, galho que cedeu, envergou, e me largou deitado de costas na corredeira. Riem de mim por isso até hoje.
 E o dia apenas começando.
 Era o ápice do programa Jackass na MTV, e todos nós tínhamos mania de querer fazer algo sem noção.
 Era "montinho" atrás de "montinho", virar as pessoas que estavam deitadas na rede de cima de uma sacadinha. Laçasso com pano molhado nas costas. Coisas simples que não comprometeriam a saúde a longo prazo.
 Resolvemos então dar uma volta pela região, havia um morro bem arborizado e o sítio se situava ao pé desse morro. Resolvemos então subir lá para dar uma olhada no visual, fazer uma caminhada para curtir a natureza. Isso por volta das 15h.
 A Lili foi a única menina que topou a subida, as outras mulheres resolveram ficar em casa e iriam preparar a janta mais tarde. O Luis foi o único homem que arregou pro lance, e ficou junto com as meninas.
 Partimos então em direção ao morro, havia uma trilha que disse o Rômulo, conhecia muito bem.
 O começo da empreitada era complicado, subidas íngremes, muitos buracos e árvores, partes onde era necessário uma pequena escalada. Lili desiste.
 O restante do pessoal continua em frente, notando que o Rômulo já não se mostrava tão seguro quanto ao caminho a se seguir.
 O tempo foi passando, passamos por partes onde tivemos que nos segurar nas paredes, se agarrar em raízes que brotavam da parede, de maneira que conseguíssemos seguir em frente. E a luz do dia se esgotando.
 Com certeza não estávamos mais no caminho certo há muito tempo, pois ninguém abre uma trilha que passa por partes onde tem quedas livres muitos altas.
 A noite caía e não achávamos o fim do caminho nunca, todos preocupados, com sede, e um certo medo por estarmos no meio do mato sem enxergar praticamente nada a nossa frente.
 Não lembro quem que disse que precisava mijar, mas lembro bem da frase inesquecível que o Dogão largou em protesto: "Cara, não faz xixi agora, tu pode precisar dessa água depois."
 Ficou pra história.
 Continuamos nossa caminhada, e estava tão escuro, mas tão escuro que a luz de um relógio de pulso era usada para iluminar o caminho entre as árvores. Mas isso bem depois que o Marcos, utilizando de seus anos de serviços militares, queimou uma gandola em mais ou menos 17,6 segundos usando como tocha.
 Lembro quando quase caí em um buraco profundo, virei pra avisar quem  vinha atrás, quando vejo só a cabeça do Dudu de fora do buraco. Era tarde demais.
 Começamos a nos preocupar muitos, isso para não dizer desesperar. Tentamos voltar em alguns momentos mas se já foi difícil subir, imagina descer no escuro, impossível. Em certa hora o Alemão foi escalado, por ser o mais alto, para seguir na frente segurando a mão de alguém, a fim de verificar a profundidade de cada buraco e ribanceira que encontrávamos a frente.
 Calamos no momento em que o Tucano, usando dos últimos suspiros da bateria de seu celular, liga para mãe dele e aos gritos proclama as seguintes frases:
"TIANE! TIANE! CHAMA A MÃE RÁPIDO! Ô MÃE, CHAMA O RESGATE MÃE! NÓS ESTAMOS PERDIDOS NO MATO DA LOMBA GRANDE MÃE!"
 Mesmo estando violentamente preocupados, todos tiveram que rir, e muito. E ao mesmo tempo matutávamos em como seria ser resgatados de helicóptero.
 Seguimos em frente, suados, muito cansados, mas seguimos em frente.
 Chegamos ao alto do morro. Era um descampado onde avistamos uma estrada. Estrada que o Rômulo, do alto de seu conhecimento geográfico, disse que nos levaria de volta ao pé do morro. Visto que estávamos no alto dele, pra cima ela não iria.
 Na descida, ainda tivemos que fugir de cachorros que guardavam propriedades particulares que adentramos para podermos continuar o retorno.
 Além de tudo, pensávamos no desespero das pessoas que não tinham subido, deveriam estar muito preocupadas ligando para as autoridades locais para organizar uma busca.
 Chegamos de volta à casa, depois de sei lá quanto tempo caminhando. Encontramos o pai do Dogão, que por intermédio de alguém que lhe comunicou a ligação apavorada do Tucano, estava lá muito preocupado.
 Fomos ver as meninas para acalmá-las. Afinal estávamos bem. Nada adiantou, pois estavam alegremente alcoolizadas conversando e dando muita risada, sem ao menos notar que já tinha anoitecido e nós não estávamos lá.
 Salve a cerveja!


Requisitado por: Rômulo Negrini
Manuscrito por: Maicon Wallauer

1 intromissões:

Anônimo disse...

Que emocionante ...

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